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Deputado quer conclusão de 'CPI dos Frigoríficos' em 6 meses; desvios podem superar R$ 500 milhões


Por Ronaldo Pacheco

Deputado quer conclusão de 'CPI dos Frigoríficos' em 6 meses; desvios podem superar R$ 500 milhões

Foto: Marcos Lopes / AL-MT

A movimentação pouco clara de valores bilionários que deveriam ser investidos em agregar valor, geração de emprego e renda abaixo do previsto, desemprego de 5,5 mil trabalhadores em regiões pobres de Mato Grosso por causa de plantas fechadas e o que foi feito com dinheiro público oriundo de financiamentos subsidiados. É nesse emaranhado de dúvidas, que podem ter resultado em prejuízos superiores a R$ 500 milhões, que a CPI dos Frigoríficos da Assembleia Legislativa vai se concentrar por seis meses, a contar da próxima terça-feira, dia 1º de março.
 
O primeiro secretário da Assembleia e presidente da CPI, deputado Nininho Ondanir Bortolini (PR), afirmou que objetivo não é “criar palanque político”, mas agir, porque o quadro é dramático para a pecuária de Mato Grosso, mediante a diferença da arroba do boi gordo para Araçatuba (SP) é de 15% a 20% – a menor. “Existe algo estranho na cadeia da carne. No passado recente, a diferença do preço de Mato Grosso para o praticado em São Paulo era de 5% por arroba e hoje chega a 20%; isso inviabiliza o negócio”, criticou o autor do requerimento da CPI, que recebeu 21 assinaturas.

“Além disso, estão matando a pecuária mato-grossense, porque a levam bezerros de Mato Grosso para recria e engorda de boi, feita nas fazendas do interior de São Paulo”, denunciou ele. “Transporta bezerro vivo para recriar e engordar em São Paulo. Não é justo”, ponderou ele, para a reportagem do Olhar Direto.

Nininho Bortolini lembrou que mais de 80% das plantas frigoríficas de Mato Grosso receberam recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para se instalarem, mas antes de quitar o financiamento, simplesmente fecharam as portas e provocaram milhares de desemprego, nos municípios. “Então a CPI vai cobrar o ‘S’, de Social. Das 21 plantas adquiridas por eles [Friboi JBS], 11 foram fechadas. E seis foram alugadas e, na sequência, acabaram fechadas”, argumentou ele.
 
Nininho afirmou ainda que a empresa teve acesso a financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), os quais totalizam mais de R$ 5 bilhões para expandir seus negócios no exterior. “Se estão monopolizando o comércio aqui, usufruindo de nossos incentivos fiscais e ainda têm financiamento do BNDES, por que estão desempregando tantos pais de família?”.
 
É a quinta CPI instalada pelos parlamentares, no Edifício Dante Martins de Oliveira, em menos de um ano. Por isso, a proposta de Nininho é concluir as investigações em seis meses – prazo determinado pelo Regimento Interno.
 
Estão em funcionamento as CPIs das Obras da Copa do Pantanal, Sonegação Fiscal, Organizações Sociais de Saúde (OSS) e das Cartas de Crédito do Ministério Público.
 
A CPI dos Frigoríficos  é composta pelos deputados Nininho, Zé Domingos Fraga (PSD), relator ; Eduardo Botelho (PSB), vice-presidente; Wagner Ramos (PR) e Pedro Satélite (PSD), membros. O deputado Doutor Leonardo Albuquerque (PDT), primeiro cotado para ser vice-presidente, ficou como suplente, porque é presidente da CPI das OSS – em fase de conclusão.

Em Colíder, o grupo mantinha uma unidade arrendada do antigo frigorífico Quatro Marcos, unidade aberta entre 2009 e 2011, e a fechou demitindo cerca de 500 trabalhadores na época. A JBS Friboi comprou esta unidade e ainda outra no município, porém, mantém apenas uma em funcionamento. Além disso, possui uma planta de produção de biodiesel (a partir de sebo de animal) que também está fechada.
 
Sobre o fechamento de outras unidades em Mato Grosso, a Assembleia tem conhecimento das plantas: de Cuiabá (500 demissões), de São José dos Quatro Marcos (600 demissões) e de Vila Rica (mais 650 demissões), somente para citar alguns casos.  

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